Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: <
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
Sinto-me só... isolado... e triste...
Aquilo que antes era, já não é...
Quero voltar atrás
Apagar todas as minhas máguas
Mas este sentimento de culpa nao me deixa
Persegue-me onde quer que eu vá
E isolo-me cada vez mais
Perco os meus amigos
E nao faço novos
Vou-me isolando como uma ilha que procura a vastidão do mar
E perco-me...
Sózinho em meus pensamentos
Quero viver, mas não me deixo
Quero gritar, mas não me ouço
Quero acordar, mas prefiro viver de sonhos
Sonhos... Que de quando em quando Se tocam com a realidade,
E assim me destroem
Sonhos... Que voam aquilo que queria eu voar,
Que dizem aquilo que queria eu dizer...
Que sofrem aquilo que queria eu sofrer.
E mesmo assim sonho Sonho com a fuga à realidade
E sempre que sonho me alegro
Porque a tristeza se desfaz...
E eu volto a viver
Porque... tenho amigos...
Porque... Tenho a quem contar o que está dentro de mim...
E me alegro... E consigo esboçar um sorriso verdadeiro...
Um sorriso... duradouro.